Graduação: DGO se prepara para o aumento do tempo de internato que será implementado em 2026

O curso de Ginecologia e Obstetrícia (GO) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo está em fase de transição. O internato, que começava no quinto ano, será antecipado para o quarto ano, totalizando três anos de internato. Essa mudança ocorrerá oficialmente em 2026, mas o DGO está antecipando algumas mudanças na disciplina de Saúde da Mulher, ministrada no quarto ano.

Essas mudanças já começaram em 2022. Nessa disciplina, os estudantes são divididos em quatro turmas com mais ou menos 25 ou 26 alunos para a introdução ao conteúdo de GO com metodologias de ensino atualizadas. Essas turmas são divididas em grupos menores, de dois alunos, para passar nos cenários de atividades práticas.

Com o novo currículo, todo o conteúdo de GO vai ser dado sob forma de internato. Para acompanhar de perto a transição, foi criado um fórum, quase que permanente, sobre as modificações e avaliações dos próprios professores em relação a como estão sendo administradas nossas disciplinas e dos alunos em relação ao curso oferecido,  para trazer melhorias para o ensino. Os alunos gostam muito das disciplinas de GO, porque são muito bem organizadas e com conteúdo muito robusto”, afirma a professora Rosana Reis.

Leia entrevista com a professora Rosana Reis (coordenadora da Comissão de Ensino do DGO).

Qual sua avaliação sobre o ensino em Ginecologia e Obstetrícia aplicado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto?

O ensino na área de GO para graduação médica é muito bem estruturado. Apesar de docentes do DGO estarem presentes em disciplinas nos primeiros três anos do curso de Medicina, essas disciplinas são de acolhimento do aluno ou de sua formação científica, além de disciplinas em que o conteúdo de GO é apresentado de forma translacional para interagir com o ciclo básico, para complementar a importância do tema, principalmente com o novo currículo que começou em 2023.

Já o nosso curso de GO é oferecido a partir do quarto ano, que chamamos de ciclo clínico. No quarto ano, temos a disciplina de Saúde da Mulher, que ocorre no primeiro semestre de cada ano, na qual introduzimos a anamnese e o exame físico em ginecologia e obstetrícia, bem como os conceitos básicos da área. Com o novo currículo, em 2026, a nossa disciplina do quarto ano passará a ser parte do internato e será ministrada durante o ano todo. Desse modo, já iniciamos uma transição para isso, estamos fazendo mais atividades em grupos de dois alunos, colocando-os nas atividades práticas para já terem esse contato. Todavia, isso será efetivado mesmo em 2026 quando iniciará o quarto ano do novo currículo do curso de Medicina.

O quinto e sexto anos do curso constituem o  internato clássico do currículo atual. No quinto ano, os alunos têm atividades de GO realizadas em cenários descentralizados (Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto – Mater, CSE Cuiabá e Vila Lobato) que complementam o que eles aprenderam no quarto ano, aumentando a complexidade dos temas abordados. Os alunos começam a atender as pacientes, tendo papel de protagonistas nos cenários, sempre sob supervisão de um médico-assistente ou docente. Obtêm a história das pacientes, solicitam os exames, instituem o tratamento, realizam os primeiros partos normais sempre sob supervisão. Já no sexto ano, a complexidade aumenta e a maior parte das atividades de GO é realizada no HC, tanto em ginecologia quanto em obstetrícia, passando pelos setores de Reprodução Humana, Mastologia/Oncologia Ginecológica, Cirurgia Ginecológica e Obstetrícia. Assim, nós vamos promovendo um conhecimento em GO crescente de complexidade, de tal forma que, no sexto ano, eles têm uma formação muito boa em nossa área.

As nossas disciplinas são muito premiadas, são reconhecidas pelos alunos, porque além de terem essa organização de ensino, a complexidade é gradual. É como se você fizesse um prédio. Faz o alicerce, constrói as paredes, depois faz o acabamento, a pintura e tudo mais.

Por isso, os alunos reconhecem essa organização. Nós temos métodos diferentes de avaliação (provas teóricas, Mini-Cex, OSCE no quarto ano). Usamos a metodologia de sala de aula invertida para os conteúdos teóricos, ou seja, eles assistem à aula gravada sobre o tema de forma assíncrona e discutimos presencialmente o tema em forma de casos clínicos. Sempre pedimos para os alunos avaliarem nossas disciplinas para que possamos melhorar sempre. Participamos das provas de habilidades do quinto e sexto ano.  Portanto, eu avalio que o ensino da nossa graduação, em Ginecologia e Obstetrícia, é de excelente qualidade.

Nós temos uma comissão de ensino, que é formada pelos coordenadores das disciplinas que ministramos e que se reúne periodicamente. Somos constantemente críticos no que podemos melhorar, graças às avaliações que recebemos de alunos, médicos assistentes e docentes.

Professora, quais são os cenários de atuação dos estudantes?

Além do HCFMRP, que é o cenário de alta complexidade e de atendimento terciário em GO para nossos alunos, temos cenários de atendimento primário e secundário, que são o Centro de Saúde Escola Cuiabá, Centro Médico Social Comunitário Vila Lobato e o Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto – Mater.

Quais são os desafios para 2024?

Manter a qualidade de nossas disciplinas é sempre um desafio, especialmente com a necessidade de mais docentes que temos em vista do aumento de atividades em todas as áreas, inclusive de ensino. Para 2024, o desafio é que o currículo do novo segundo ano funcione super bem. A avaliação parcial do primeiro ano do novo currículo foi muito positiva por parte dos alunos e dos professores, com necessidade de alguns ajustes que serão implementados neste ano. Além disso, vamos continuar com as modificações no nosso quarto ano para que ele esteja pronto para se transformar em internato em 2026 e que seja ainda mais positivo em relação ao que temos hoje. Isso exigirá maior carga horária docente e de médicos assistentes para essa ampliação do internato, mas estamos trabalhando de modo que tenhamos um internato ainda melhor do que o oferecido atualmente.