O professor Rui Ferriani avalia positivamente sua gestão na FMRP, ressaltando a adaptação às adversidades da pandemia com a continuidade das atividades acadêmicas, avanços em pesquisas sobre o vírus e a implementação de ensino online
Professor, que balanço que o senhor faz de sua administração à frente da FMRP?
O balanço é bastante positivo. Pensar que assumi exatamente no começo da pandemia, e foi um período de 1 ano e meio a 2 anos que a agenda do diretor ficava por conta de resolver problemas muito importantes relacionados à pandemia, em um hospital como o nosso que envolve o complexo de saúde, o Hospital das Clínicas, a Unidade de Emergência e os hospitais gerenciados pela FAEPA junto com a FMRP. Acho que a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto foi um exemplo durante a pandemia. Esse foi um balanço importante, foi uma das unidades que mais produziu pesquisa em relação ao vírus SARS-CoV-2, que mais produziu conhecimento do ponto de vista educativo, já que alertar a população naquela época foi super importante. Fomos uma das pouquíssimas unidades da USP que não parou suas atividades durante a pandemia, continuamos inclusive as atividades de ensino, desenvolvemos o sistema de online de ensino e, considerando um período tão crítico como aquele, isso então possibilitou superar uma crise que nenhum de nós esperava.
A partir daí (fim da pandemia), nós conseguimos, eu e o professor Jorge Elias, ter uma ação mais propositiva e essa ação tem um balanço bastante positivo. A FMRP estava sem contratação de professores e funcionários com perdas significativas, foram mais de 35 professores que nós perdemos por processos de aposentadoria e de funcionários. Então nós tivemos que fazer um plano de gestão que contemplasse uma racionalidade, e esse plano foi no sentido sempre de otimizar e quando eu falo ‘otimizar’ quero dizer otimizar espaços físicos e pessoal.
Nós não tínhamos, na Faculdade, um plano diretor, e esse foi um exercício muito grande de definir para onde nós vamos crescer e como nós vamos crescer. No entanto, eu posso dizer que a gente encerrou um mandato com uma linha muito bem definida e um futuro muito bem definido para a Faculdade. Nós temos cerca de 30 docentes novos começando, e funcionários estão começando agora. Uma reposição que não é total. E com isso nós otimizamos atividades de pesquisa, incentivando os laboratórios multiusuários. Fizemos um plano de gerenciamento dos nossos biotérios também para otimizar, desvinculando os biotérios diretamente dos departamentos para fazer uma ação centralizada. E essa ação de gestão centralizada valeu tanto para a atividade de pesquisa como para os laboratórios e os biotérios, e valeu também para atividades administrativas, particularmente a pós-graduação. Nós centralizamos a pós-graduação numa única sessão para racionalizar as atividades e o trabalho dos funcionários dedicados a esta área. E isso é um processo bastante demorado, complexo que nós estamos finalizando e, com isso, não é apenas uma economia de funcionários, mas é uma otimização do serviço de pós-graduação que saíram dos departamentos e estão todos centralizados dentro da seção de pós-graduação. Isso vai ao encontro de uma meta futura que é diminuir o número de programas de pós-graduação, unificando e, com isso, otimizando mais o processo de gestão.
Além disso, a partir do momento que tivemos a verba para a construção do prédio do Ciclo Básico, um prédio que estava desde 2012 com um projeto parado, iniciamos a construção desse prédio no final do ano passado, o qual tem previsão de entrega até 2025. E, com isso, vai mudar todo o nosso paradigma de pesquisa, porque nós vamos levar todos os departamentos básicos para esse prédio. Vamos ter uma otimização do que é o prédio Central, voltando a diretoria para o prédio central e voltando as atividades administrativas para dentro do prédio central, assim como as atividades culturais que hoje ficam no ECEU. E aqui nesse lugar que é a diretoria atual, será ampliado para abrigar um biotério e um laboratório translacional multiatividades. Então, veja, nós temos agora um norte de crescimento onde o bloco G do HC possivelmente vai ser um laboratório de pesquisa integrado a um laboratório translacional, e toda a parte administrativa ficará focada no prédio básico, que é o prédio histórico bonito. Isso vai ficar para a próxima diretoria, que é a mudança da sede da diretoria para esse prédio Central. Então, veja, nós temos uma linha muito importante aí de racionalidade de espaço, e agora, certamente por 10, 15 anos, uma estrutura de laboratórios, de pesquisa e de biotérios muito boa, com isso é um futuro que vai conseguir dar um bom suporte para a parte de pesquisa e pós-graduação.
Em relação à graduação, um balanço positivo foi a decisão muito difícil de iniciar a reforma curricular do curso de medicina, que já está no seu segundo ano, que é extremamente inovador, com tecnologia de ponta, com conceitos integradores muito importantes. E a parte disso, nós cuidamos também da parte de estrutura física, de cuidar de espaços para os alunos, e o próprio bloco didático é um espaço que hoje está muito aconchegante para os alunos. Estamos finalizando um projeto que vai ser uma sala de atividades didáticas do nosso centro de desenvolvimento docente e vai ter um espaço também para os alunos ocuparem. Estamos com um projeto concluído para ser iniciado de uma área de lazer junto ao bloco didático. Cuidamos muito, nesse período, também da questão de acolhimento e respeito. Nós tivemos várias intercorrências que envolveram a questão de direitos e da equidade. A FMRP tem uma Comissão de Direitos Humanos (CDH) muito forte, e tivemos várias intervenções a serem feitas pela diretoria para sempre ajudar a promover a equidade e o respeito a todas as pessoas, que eram os lemas do nosso projeto de gestão, e hoje eles foram inclusive incorporados em uma nova Pró-Reitoria da USP, chamada de Inclusão e Pertencimento, que originou uma Comissão de Inclusão e Pertencimento em nossa unidade. Os nossos funcionários tiveram alguns cursos de integração e iniciamos letramentos em diversidades . Acho que essa é uma área que precisa agora evoluir mais a partir do momento que nós temos essa Comissão de Inclusão e Pertencimento.
Também iniciamos a preparação do programa de recepção desse time de novos docentes (são mais de 30 docentes novos) no sentido de integrá-los, de dar apoio de estrutura de pesquisa e de ajudar na formação docente. E hoje eles têm, de uma maneira mais sistematizada, feito cursos de capacitação docentes, cursos de integridade científica e também de atividade laboratorial e uso de biotério. Essa é uma forma de você capacitar o corpo docente para poder exercer uma ação integrada aqui dentro da faculdade.
Professor, que importância tem a Faculdade de Medicina para Ribeirão, para o estado e país?
A Faculdade de Medicina, hoje nós já não falamos só da Faculdade, nós falamos num complexo de saúde, que são três entidades importantes, e o diretor é o diretor da Faculdade, é o presidente do conselho deliberativo do HC e o presidente do conselho curador da FAEPA. Esse complexo envolve quatro hospitais estaduais além do Hospital das Clínicas, da Unidade de Emergência, núcleos de saúde da família, unidades de saúde da família, centros de saúde escola (CSE) e UBS. Nossa atuação tem sido muito no sentido de propiciar esses campos de trabalho para nossos professores e alunos. Não adianta nada a gente ter um belo corpo de professores se nós não tivermos cenários de ensino adequados, e eu diria que nossos cenários de ensino hoje são bastante diversificados e completos, envolvendo atividades primárias, secundárias e terciárias, atendendo as demandas dos diversos cursos de graduação e pós-graduação. Para isso ser concretizado, o diálogo com as entidades públicas (os governos público municipal, estadual e mesmo federal) tem sido constante, juntamente com o superintendente do Hospital, para que a gente ocupe esse cenário político dentro da saúde da nossa região. E eu posso dizer com tranquilidade que o HC lidera esse complexo de saúde na nossa região.
E professor, que futuro se desenha para esse complexo?
Futuro cada vez melhor e brilhante. A Faculdade está crescendo, o Hospital tá crescendo a passos largos, nós teremos a nova UE, que vai mudar o esquema de atendimento de saúde de urgência e emergência na região. Nós vamos continuar com a velha UE, diversificando o tipo de atividade a ser exercida lá, além de continuar com os hospitais da Mater, os hospitais de Serrana, Américo Brasiliense e o Estadual de Ribeirão Preto.
E o professor Rui Ferreira, qual o futuro?
Cuidando que eu mais gosto, que é fazer reprodução humana, cuidar do nosso laboratório, atender casais inférteis, que o nosso departamento foi pioneiro em reprodução assistida, e temos hoje o maior centro formador de especialistas em reprodução do Brasil, com gente formada aqui e trabalhando pelo Brasil todo. E eu acho que isso dá bastante satisfação, transferir para a sociedade esses profissionais que são muito bem capacitados e vão ter um bom atendimento junto à população.