O professor Júlio César Rosa e Silva deixou a chefia do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia em março de 2023 ao completar dois anos de mandato. Antes atuou, também por dois anos, como vice-chefe do professor Francisco José Candido dos Reis.
Nesses quatro anos, ele viu a nota da CAPES do curso de pós-graduação atingir o máximo, ou seja, sete, e enfrentou com seus colegas uma pandemia que ainda provoca reflexos no atendimento às pacientes.
Para ele, foram quatro anos de muito aprendizado e continuidade da melhoria que o DGO vem galgando ano a ano.
Leia entrevista do professor Júlio César Rosa e Silva, chefe do DGO entre 2021 e 2023.
Professor, que balanço você faz dos dois anos à frente do Departamento?
É um balanço bastante positivo, tanto do ponto de vista institucional, acho que nós evoluímos muito, quanto do ponto de vista pessoal. Para mim, foi realmente bastante produtivo conhecer e aprofundar, dentro da Instituição, a relação entre a Universidade de São Paulo, o Hospital e outras instituições, então conhecer melhor isso foi realmente bastante positivo para mim. Acho que o Departamento vem numa evolução constante e foi bastante produtivo nesses últimos dois anos (2021 e 2022). A minha gestão foi até maio de 2023, mas eu já vinha colaborando na gestão anterior, como vice, do professor Francisco de 2019 a 2021. Foram quatro anos muito produtivos para mim, como vice-chefe primeiro e depois como chefe. Acho que o Departamento avançou em pontos significativos, tanto no ensino de graduação quanto no ensino da pós-graduação, da pesquisa, na extensão e assistência. O Departamento evoluiu bastante, já vinha numa evolução e continuamos essa evolução.
Professor, quais os pontos marcantes que o senhor destaca nos seus dois anos como vice e os dois últimos como chefe?
Temos vários pontos positivos. Podemos até separar por pontos, que é o tripé da questão da universidade. Então, no ensino de graduação, o Departamento sempre teve uma história muito significativa de contribuição no ensino, no curso de medicina, no curso da fisioterapia e nas ciências biomédicas. Eu acho que do ponto de vista de ensino de graduação, o departamento continuou sendo, inclusive, reconhecido pelos alunos, com prêmio Gutemberg, homenagens aos nossos docentes, muitos homenageados como paraninfos e patronos das turmas. Isso significa que o Departamento tem reconhecimento por parte dos alunos, pela contribuição que ele faz e pela dedicação a esses cursos e alunos.
Na pós-graduação, acho que o Departamento teve a evolução mais importante, fruto do investimento contínuo na melhoria do nosso programa de pós-graduação. Constantemente, a gente vem sendo melhor avaliado pela CAPES. Tínhamos nota 5, há oito anos, subimos para nota 6, há quatro anos e agora, final do ano passado, nós fomos reconhecidos com a nota 7, que é a melhor avaliação que existe dos programas de pós-graduação pela CAPES. Portanto, acho que isso é bastante significativo para o Departamento. Foi uma conquista de todos os docentes orientadores do programa, funcionários e alunos de pós-graduação. Felizmente, foi na minha chefia, mas é trabalho de anos que vem sendo desenvolvido para dar ênfase ao nosso programa de pós-graduação e que culminou, no ano passado, com esse reconhecimento. Acho que é o ponto mais marcante.
Junto com a pós-graduação vem a pesquisa científica. De fato, nosso Departamento deu um salto enorme nos últimos anos, não só na quantidade de artigos publicados, mas pela relevância e pela qualidade das publicações que o Departamento tem desenvolvido. Isso tem sido bastante significativo mesmo impactados pela pandemia, o programa conseguiu manter o nível de publicação em número e qualidade de defesa de mestrado, doutorado, doutorado direto e número de publicações em revistas de alto impacto. Eu fico feliz por ter estado na chefia quando o reconhecimento veio.
Professor – A que o senhor atribui a nota sete?
Primeira coisa, eu acho que foi trabalho de equipe. Há alguns anos, o programa de pós-graduação do nosso Departamento elencou isso como ponto importante a ser feito. Então, numa programação estratégica, decidimos o que fazer para melhorar o nível da nossa pós-graduação, que já era uma pós-graduação de excelência com a nota 5, mas queríamos atingir a nota 7. E o trabalho em equipe focando na melhoria, dando estrutura para o programa, contratando funcionários estaticistas e bioinformatas para que pudéssemos realmente melhorar o nível do nosso programa. Outro ponto importante, o Departamento sempre reivindicou, junto à diretoria da Faculdade, um laboratório específico e infelizmente nunca tivemos. Nesses últimos dois anos, nós reivindicamos muito junto à diretoria e conseguimos, no ano passado, esse espaço físico fica no prédio no Anexo C, na Faculdade. Hoje temos espaço físico dedicado às pesquisas básicas do Departamento e às pesquisas translacionais. Portanto, acho que o apoio do Departamento ao programa do ponto de vista financeiro, estrutural, de equipamento e de conseguir junto à diretoria da Faculdade o laboratório de pesquisas básicas foram essenciais para que conseguíssemos evoluir para essa nota 7, além da dedicação de todos os docentes orientadores e orientandos do programa que realmente desempenharam um papel excepcional na conquista da nota 7.
Professor Júlio, o que o senhor gostaria de ter feito, mas não conseguiu?
É uma pergunta difícil de responder. A gente conseguiu manter o nível de excelência que o Departamento sempre teve, esse reconhecimento pelos alunos e pela própria Faculdade na pós-graduação. Conseguimos elevar a nota do nosso programa de pós-graduação, melhorar a quantidade e internacionalização de programas que foi essencial, conseguimos o laboratório de pesquisa básica junto à diretoria da Faculdade. Hoje temos toda estrutura física que o Departamento precisa para fazer as suas pesquisas. Do ponto de vista assistencial, dentro do Hospital das Clínicas, nós conseguimos reformar e climatizar os ambulatórios que era uma reivindicação do Departamento de muito tempo, acho que do Hospital inteiro e fomos contemplados com sendo os primeiros (corredores) a serem reformados tanto que já estamos trabalhando já numa área climatizada e reformada, que são os corredores 1 e 2. Conseguimos, junto à administração, a reforma da enfermaria. O oitavo andar vai ser totalmente reformado junto com a Oncologia Cirúrgica que vai ficar na ala A e Ginecologia Cirúrgica e Mastologia vão ficar na ala B e vai ser totalmente reformada. Gostaria que já estivesse sido entregue, mas, infelizmente, as coisas ainda não aconteceram. No entanto, a planta já está aprovada, a reforma já está aprovada e vai acontecer nos próximos meses. Com isso, daremos às nossas pacientes uma estrutura física muito boa.
Professor, como o Departamento trabalhou durante a pandemia?
É um importante ponto. Eu, como vice-chefe do Departamento, vivenciei o início da pandemia com o professor Francisco que conseguiu conduzir de maneira brilhante. O Departamento soube seguir as diretrizes sanitárias da época que tiveram maior impacto, é óbvio que esses impactos refletiram nos ensinos de graduação, de pós-graduação, de residência médica e na área assistencial. Mas acho que o Departamento soube trabalhar e se organizar muito bem durante a pandemia e também durante esse período de pós-pandemia para a retomada das suas atividades. O Departamento foi um dos pioneiros no Hospital e na Faculdade na retomada presencial dos ensinos de graduação e da pós-graduação e também a retomada da questão assistencial foi muito bem equilibrada, sabendo seguir as diretrizes sanitárias vigentes na época, mas mesmo assim conseguindo retomar parcialmente suas atividades. O Departamento já retomou quase 100% de suas atividades que tinha pré-pandemia: centro cirúrgico, ambulatório, volume de pacientes operadas e atendidas. Acho que isso é bastante significativo. A pandemia trouxe impacto enorme com represamento de volume de atendimento de cirurgias realizadas e que ocasionou prejuízo na formação dos nossos alunos e residentes. Mas soubemos lidar com essa situação de uma maneira bastante consistente para minimizar esse impacto durante a pandemia e otimizar o máximo para que, neste período de retomada, a gente conseguisse propiciar um atendimento de qualidade para as nossas pacientes principalmente, mas também um cenário que fosse bastante produtivo para os nossos alunos e residentes.
O senhor falou que ainda não chegou a 100%. O que falta?
Basicamente o que falta é aumento de horários cirúrgicos. O Hospital ainda não conseguiu retomar 100% das salas cirúrgicas. Mas existe a programação pela Superintendência do Hospital dessa retomada das atividades cirúrgicas atingindo 100% das salas. Temos tido um apoio muito forte da Superintendência e retomamos fortemente o aumento do volume de cirurgias realizadas, mas ainda falta um pouquinho para gente conseguir fazer o que estava fazendo antes da pandemia.